quarta-feira, 17 de março de 2010

Kindle, iPad e o mercado editorial


Como era de se prever, depois do anúncio do iPad começaram a chover tablets, slates e afins. E, com o sucesso do Kindle, os eReaders começaram a se reproduzir como gafanhotos. Mas ao que tudo indica, a briga de verdade ficará mesmo entre Amazon e Apple, pois muito além dos aparelhos, há todo um modelo de negócios por trás, envolvendo a distribuição de conteúdo.
Não consigo enxergar o iPad competindo com o Kindle, eu os enxergo como produtos completamente distintos, para públicos distintos.
Há quem veja desvantagem no fato do Kindle apenas ler livros e ser preto-e-branco. Para quem lê bastante, esse é na verdade o pulo do gato: um dispositivo monotarefa, que usa uma tela com tecnologia que reproduz a sensação de ler um livro de papel. Outra vantagem é a facilidade de compra: a um toque o livro está em suas mãos para leitura imediata. Eu costumo comprar títulos estrangeiros na própria Amazon. Só sinto falta de obras brasileiras. Recentemente, o dono da Livraria Cultura disse que disponibilizaria 150 mil títulos em formatos para eReaders, ainda em março. Espero que entre eles haja títulos nacionais.
kindle
Universidades norte-americanas já estão adotando o Kindle para a leitura de seus títulos acadêmicos;bibliotecas estão sendo abastecidas com eBooks. No Brasil, a Unesp começa a trilhar o mesmo caminho.
Contudo, não acredito na morte do livro de papel. Obras de referência, ou que podem ser úteis para minha família, ainda compro no formato tradicional. Que é imbatível nesse sentido: você pode doar ou emprestá-lo para quem e quantas vezes quiser, que editora nenhuma botará a polícia na sua porta. Além disso, o livro de papel é democrático, pode ser arquivado em bibliotecas onde as pessoas não precisam de pré-requisito eletrônico para lê-los.
Quanto ao Kindle, espero que ele continue monotarefa e evolua dentro daquilo que se propõe: leitura de livros digitais.
E o iPad?
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Steve Jobs está colocando eBooks à venda na iTunes Store. Mas o iPad é voltado para leitores eventuais: a tela é cansativa para leituras longas. Já era cansativa desde que surgiram leitores para dispositivos móveis. Visualmente, é a mesma coisa que ler na tela de um computador. Só muda o formato, mais confortável, permitindo leitura em qualquer posição.
Há quem queira um leitor de eBooks que também possa fazer outras coisas, e enxergam um convergente como mais vantajoso.
Provedores de conteúdo
Recentemente vimos brigas entre Apple, Amazon e algumas editoras, sobre quanto cobrar pelos títulos digitais. As editoras não só querem o mesmo preço dos livros de papel como também impor regras de distribuição e uso. Diferente de um livro de papel, você não é dono do eBook. Você só tem uma licença para lê-lo.
Está evidente que as editoras não aprenderam nadinha com a indústria fonográfica; terão que passar por toda aquela curva de aprendizado até se renderem aos usuários, reduzindo preços e removendo DRM. Vamos ver quanto tempo isso vai levar.
Quem também está viajando na maionese são os jornais. Eles cobram pela edição Kindle um valor surreal comparado com o que entregam. Assinei o período de testes de 4 deles, brasileiros e estrangeiros, e em todos o conteúdo deixa muito a desejar: é mal escolhido, mal editado e mal diagramado. Alguém precisa explicar aos editores que um jornal na versão para eReader não pode ser igual papel, nem igual internet. É um terceiro formato. Mas isso é assunto para um próximo post…

Fonte: Garota sem fio

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